domingo, 5 de maio de 2013

DE CORAÇÃO ABERTO, TITE ENUMERA OS SEGREDOS DO SEU SUCESSO NO TIMÃO

O perfeccionista Tite e seus quatro pilares



Conhecido pelo jeito peculiar de falar e por seus títulos de expressão, Adenor Bacchi se prepara para encarar uma sequência de desafios nas próximas semanas. Mais conhecido pelo torcedor brasileiro como Tite, o técnico do Corinthians tem jogos decisivos no Campeonato Paulista e na Taça Libertadores. Contra o São Paulo, neste domingo, busca uma vaga na final do estadual. No próximo dia 15, uma quarta-feira, tem o Boca Juniors pela frente na luta para chegar às quartas de final da competição continental. E o treinador abre o coração para o 'Esporte Espetacular', revelando os segredos do sucesso e do equilíbrio.
- Tenho quatro pilares, vamos dizer assim. Um deles é a espiritualidade, estar bem comigo. Depois, a família. Se ela não anda bem, eu não vou bem. E também saúde e trabalho - explica o gaúcho de Caxias do Sul.
O técnico de 51 anos tem seu talento reconhecido por grandes nomes do futebol, como Carlos Alberto Parreira. Mais do que considerá-lo um amigo, o tetracampeão mundial diz que Tite dignifica a profissão. Dentro das quatro linhas, seus comandados fazem coro. Alexandre Pato afirma que o treinador merece tudo que está acontecendo, e Emerson Sheik o vê como exemplo para todo mundo.
Em uma autoanálise, Tite julga que seu conhecimento tático é muito bom, mas que sua característica pessoal mais marcante é a autenticidade. Tanta na frente como atrás das câmeras. Em sua preleções, diz não acreditar na sorte, por isso é um fervoroso defensor da preparação e dos treinamentos como caminho para vitória. E carrega como exemplo um momento de provação. Era jogador do Guarani quando lesionou os dois joelhos e precisou ser submetido a várias operações. Acabou pendurando as chuteiras aos 27 anos de idade.
- Hoje olho com sabedoria. Ter parado cedo me abriu uma porta. Mas na época eu não sabia. Pude iniciar mais rápido como técnico e conquistar os títulos, inclusive o Mundial. Lembro que numa dessas cirurgias eu queria parar, pensava 'O que eu fiz para merecer isso?'. O Cláudio Frias, um dos fisioterapeutas que trabalhou comigo, dizia 'Calma, Tite. Faz a operação, fica com saúde, termina a sua universidade. Depois decide o que fazer da vida, mas tenha calma agora' - lembra o treinador.
Nas horas de dificuldade, Tite sabe que pode contar com o apoio incondicional da família, principalmente da sua esposa, Rose Bacchi.
- A família sabe tudo o que ele quer. Nós damos opinião e fazemos o papel de advogado do diabo - conta a esposa.
O treinador, porém, lamenta que seu pai não tenha tido a oportunidade de ver suas mais importantes conquistas.
- A morte dele tinha sido recente, no Campeonato Brasileiro de 2011, e eu queria que meu pai estivesse vendo. Eu gostaria que ele estivesse vendo o Mundial, a Libertadores, o título brasileiro. Tenho que tomar cuidado para não me emocionar. Meu irmão disse 'Ele está vendo e está muito orgulhoso', e eu respondi 'Acho que ele me ajudou em alguns momentos, vai por aqui, vai por ali...' - revela o técnico.
A fé na presença do pai lhe guiando é uma característica de Tite, que valoriza bastante a paz interior.
- Estar em paz é estar bem comigo mesmo, com o próximo e fazer o bem. Não importa a religião, eu digo a eles que o importante é ter espiritualidade. Deus é de todos. Lembro que eu tive um momento especial quando fui falar com o técnico do San José (de Oruro). Disse a ele que eu era o último a querer que aquele garoto tivesse morrido. Ele respondeu 'Eu sei, eu sei' - diz, referindo-se à tragédia que vitimou o jovem torcedor Kevin Spada.
O quarto pilar que sustenta a ideologia de vida de Tite é o trabalho, e o método do treinador tem aberto os caminhos para o sucesso, mesmo quando precisa aturar a pressão dos jornalistas nas entrevistas coletivas após as partidas. Quem revela o jeito do chefe são os jogadores.
- Para quem não gosta de trabalhar deve ser chato. Porque ele é um cara perfeccionista, que se apega aos detalhes - afirma o zagueiro Paulo André.
Alexandre Pato lembra que conheceu o jeito Tite de ser há muito tempo.
- Eu tinha 15 anos quando conheci o Tite, foi quando começou nossa amizade. Ele foi essencial para eu voltar ao Brasil. É uma pessoa muito profissional, quer tudo perfeito. Até mesmo nas palestras, se tiver um barulhinho ele para tudo, pede para acabar com o barulho. Ele tem minha admiração.
Mesmo com os boatos que poderia se transferir para o Inter de Milão, o que ele nega veementemente, ou com a vontade pública de um dia comandar a seleção brasileira, Tite agora tem todas as forças voltadas para os seus quatro pilares de sustentação levarem o Corinthians adiante no Paulistão e na Libertadores. Seleção? Não agora. Hoje ela está sob o comando de Felipão, que lhe deu a primeira chance no futebol, mas com quem um dia se desentendeu porque disse que o pentacampeão falava muito.
Fonte: Globo Esporte

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