domingo, 3 de julho de 2011
Alex: 'Se vencer a Libertadores, estarei perpetuado no Corinthians'
A fala humilde e o jeito caipira fazem Alex parecer mais um no Corinthians. Ele não é, embora admita que terá de buscar o espaço conquistado por Danilo – ou até mesmo Jorge Henrique e Willian, se o esquema for alterado.
No fim do ano passado, ele já era o cara para ser o meia que não se vê na equipe desde julho de 2009, quando Douglas foi negociado. O clube investiu 6 milhões de euros (cerca de R$ 14 milhões) para tirá-lo do Spartak. Foi caro, tão caro, que o jogador citou isso pelo menos cinco vezes nos quase trinta minutos da entrevista exclusiva, no CT Joaquim Grava.
A responsabilidade de corresponder é proporcional à vontade de fazer história. Em um mês e meio de clube, já conversou com o presidente Andrés Sanchez, funcionários e amigos sobre a chance de fazer o que ídolos como Neto, Marcelinho Carioca e Ronaldo não conseguiram: conquistar a tão sonhada Copa Libertadores.
– Todos que passaram aqui queriam ter conquistado esse título. Espero conseguir. É uma forma de ficar eternizado naturalmente na história do clube – disse, ao LANCENET!.
São três anos e meio de contrato para ele tentar o feito. Passo a passo, ele traça os objetivos: ser titular, conquistar o título brasileiro e voltar a ter uma chance na Seleção Brasileira. Veja abaixo o que falou o novo craque do Corinthians.
Você chegou como o astro, em um time que está pronto e jogando bem. Hoje é reserva?
Se todos estão bem, Danilo, Jorge, que estavam sendo mais questionados, têm de aproveitar o momento deles, isso tem de ser respeitado. Se todo mundo estiver bem, alguém bom vai ficar fora. Quem vai ser esse alguém? Não sei. Hoje, estou em busca do meu espaço, eles estão jogando, com uma sequência, vou buscar com respeito e naturalmente vai acontecer. Tite vai me dar oportunidade, de repente se encaixa uma situação favorável para eu começar. Sei entender o que é bom para o grupo. Quero jogar? Óbvio. Mas também vou saber entender e respeitar que só jogam 11.
Com você, Emerson e Adriano, o Corinthians tem tudo para ser o favorito à conquista do título?
O Corinthians tem de, naturalmente, se colocar como favorito. Eu estou buscando a minha melhor condição, o Emerson, a mesma coisa. Quanto mais jogarmos, mais vamos evoluir. As opções do elenco vão nos fazer ter mais condições para brigar pelo título. Mas acho que falar em título ainda é prematuro.
Qual é a sua posição no clube, pelo investimento que a diretoria tem, pela experiência que tem?
Tenho noção da minha responsabilidade, do que represento, por tudo o que conquistei. Convenci o Corinthians a pagar essa grana toda. Sou de sangue simples. Não me vejo como o Alex jogador, essa é a diferença. O Corinthians fez uma investida ambiciosa, acredito que correta e coerente pelo o que fiz nos últimos anos, sem falsa modéstia. Mas futebol é ilusão, somos seres humanos, estamos mais expostos, mas somos iguais a todo mundo.
Você sente mais pressão por ter custado tão caro ao clube?
Sei que tem pressão, que vou ser cobrado por isso, mas encaro com naturalidade. Futebol é isso mesmo, você é cobrado pelo carro que anda, o quanto ganha. Se vai para a Seleção e não vai bem, é porque a Seleção fez mal... Isso foi feito com coerência, foi difícil de acontecer isso, mas investiram em um profissional, respeito a camisa que visto, por isso alcancei tudo o que conquistei. Esses valores os clubes não têm o hábito de gastar, sei que vou ser julgado por isso. O Corinthians foi o clube que fez todo o esforço, fez um negócio que não acontece no futebol, gastou uma baita de uma grana. É um clube grande, que tem possibilidade de crescer, tem títulos internacionais não conquistados. É um desafio grande, também.
A principal obsessão é a Copa Libertadores. Você imagina que pode conseguir algo que nem os principais ídolos fizeram?
É um clube com uma história brilhante, e que ainda pode crescer. Sempre comento: "Pô, imagina vencer uma Libertadores aqui?" Isso, converso com o Neto (ex-jogador), com amigos, o próprio Andrés (Sanchez, presidente), os fisioterapeutas... Todos os que estão aqui pensam assim. Se eu vencer a Libertadores, estarei perpetuado. É o que desejaram aqueles que passaram por aqui. É difícil ganhar, por isso ainda não ganhou, passou cem anos sem vencer esse título. Tem gente que vence, mas depois passa 30, 40 anos sem ganhar. Essa ambição também me ajudou a vir para cá. Melhor do que ganhar a primeira, é ganhar a segunda.
Por que acha que pode ser esse cara a vencer a Libertadores aqui?
Por ter ganho títulos internacionais, a Libertadores, o Mundial, e ainda teve a Recopa Sul-Americana e a Copa Sul-Americana. Isso traz uma noção real de como jogar, mas tudo vai depender do momento. O Inter que foi campeão da Libertadores e do Mundial em 2006 foi eliminado na primeira fase em 2007. Nem sempre um time bom é receita de sucesso. Quero fazer como o Iarley e o Vargas, que ganharam a Libertadores pelo Boca Juniors (ARG) e, depois, pelo Internacional. Nem sei dar nomes para quem conseguiu ganhar mais de uma Libertadores, ainda mais por clubes diferentes.
Como vê a renovação da Seleção Brasileira de Mano Menezes? Acha que pela sua idade avançada (29 anos) não tem mais espaço?
Se é errado ou não, eu ainda penso. Sinto-me em condições, jogando o futebol que posso. Se eu apresentar o que venho apresentando nos últimos quatro anos, vai ser possível. Pela idade, não posso ser descartado. Nem sempre o cara de 20 é melhor do que o de 29. Tudo depende do momento, o que você está produzindo, como se comporta. Não me tiro pela idade, não. Com 29, 30 anos, jogador ainda tem a plena forma, consciência, está no nível máximo de amadurecimento. Acho que começa a perder alguma coisa dos 33, 34 para frente, e olhe lá.
Você tem família de maioria palmeirense. Rola provocação?
Nada. O pessoal está se convertendo, já (risos). É verdade. Alguns estão passando a gostar do Corinthians. Só tiro meu pai e minha mãe, porque são neutros. Meu pai é santista da época do Pelé, mas não é tão ligado ao futebol, e depois que comecei a jogar veio com a maré. Meus dois irmãos, apesar de serem mais italianos, são palmeirenses, mas torcem por mim também. Família é sempre suspeita. A maioria é palmeirense, mas alguns já estão dizendo que vão usar a camisa do Corinthians. Isso já é uma grande vitória, é uma conquista (risos).
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