De bermuda, óculos escuros e gorro, Emerson Sheik foi o retrato do
torcedor do Corinthians na comemoração do título mundial de clubes. E o
atacante, herói da conquista da Libertadores ao marcar dois gols contra o
Boca Juniors na final, provou que é também o jogador mais carismático
do elenco corintiano.
Emerson foi o jogador mais festejado pela
torcida na carreata que tomou as ruas de São Paulo na manhã de
terça-feira, na chegada da delegação ao país após a conquista do
Mundial. Ele assumiu o papel coordenador e “capitão” do trio elétrico
que desfilou na zona norte da cidade, ofuscando o herói do título no
Japão, o goleiro Cássio (Guerrero, autor do gol do título, não esteve
presente na festa).
VEJA TUDO SOBRE A FESTA CORINTIANA
Sentado bem na parte central da frente do trio elétrico, Sheik foi o
primeiro jogador a pegar o microfone em mãos. Pediu silêncio aos
barulhentos torcedores usando a voz e as mãos. Foi atendido prontamente.
Depois, colocou fogo ainda mais nos torcedores ao começar com as
ironias. “Chupa Léo”, foi uma das primeiras frases ditas. Também sobrou
também para o Palmeiras durante os momentos em que pegou no microfone.
Em vários momentos, ameaçava falar palavrões, mas se continha e dizia
que não poderia fazer isso. Anunciou o local da festa corintiana da
noite de terça de cima do trio, na casa Clube A, e era quase um
apresentador. Até orientava. “Cuidado com os fios aí pessoal”, gritou
no microfone.
Sheik fez até propaganda dos patrocinadores
envolvidos na festa. Pedia moderação nas bebidas, mas recomendou que o
público consumisse a cerveja que patrocinava a comemoração. E elogiou as
marcas da camisa corintiana também. “Coloquem seu dinheiro na Caixa,
hein”, falou.
O local de conquista do Mundial foi usado para
propagandear o outro patrocinador do clube. Mesmo que de forma um tanto
sem nexo. Mas que depois foi complementada pelo atacante.
“Você
que quer conhecer o Japão, estude inglês no Fisk pra ir pra lá”, falou.
“E você que quer falar inglês em viagens e aprender inglês, faça
também”, continuou.
No momento de parada do trio, o time ficou
cerca de meia hora comemorando com os torcedores. O ônibus que levaria
os jogadores embora já estava parado há algum tempo à espera dos
campeões. Foi Sheik quem fez o discurso que anunciara o término da
festa. Explicou o cansaço.
Nas últimas palavras, sobrou para o
rival que ainda não havia sido citado. “A gente ganhou o jogo dentro de
campo. Ninguém fugiu de campo para a gente ganhar o jogo. WO, WO?”,
falou, em alusão ao título do São Paulo sobre o Tigre na Copa
Sul-Americana.
E ainda quebrou o protocolo do que tanto se
policiou: falar palavrões. “Vai tomar no c..., é Corinthians”, disse, em
suas últimas palavras antes de sair do trio e entrar no ônibus.
Mas a sinergia entre Sheik e a torcida ainda não tinha acabado. O ápice
foi quando a delegação corintiana chegou ao Centro de Treinamento
Joaquim Grava, no Parque Ecológico do Tietê. Enquanto os outros
jogadores foram abraçar amigos e familiares em uma parte reservada,
Sheik pegou o troféu do mundial e levou até a grade, onde dezenas de
torcedores conseguiram tocar a tão sonhada taça.
"Na verdade
quando o ônibus chegou a galera estava indo pro vestiário e eu vi uma
criança (no alambrado). Então fui lá levar a taça pra ela e as pessoas
começaram a chegar. Eu sou apaixonado por criança todo mundo sabe, por
isso fui lá", explicou.
E assim Sheik encerrou a sua
contribuição ao Corinthians no ano da mesma maneira que se destacou na
temporada: sorrindo e fazendo a alegria da Fiel.